Relatos de Servidoras Mães Primípiras

Eu voltei a fazê atividade física, a ir pra academia, quando meu bebê tinha dois meses e as pessoas falavam assim pra mim, e eu levo ele até hoje, ele vai comigo no bebê conforto desde os dois meses: ai, eu te admiro tanto como que você teve é força pra vim e eu falei: num me admire muito não porque eu saí, eu saí, eu fui pra academia não foi porque ai eu queria meu corpo de volta, não, não foi isso. Foi porque eu com dois meses já percebi que eu já tava, a minha cabeça já tava entrando em parafuso de fica trancada dentro de casa, só eu e ele, porque meu marido saía pra trabalha, e naquela época ele tava trabalhando numa fazenda longe daqui voltava três quatro dias, e eu dentro daquela casa, só eu e ele, sem conversar com ninguém, entendeu? Foi me dando uma agonia, uma agonia, falei: não, preciso arrumar uma coisa pra fazê. Falei: eu vô pra academia. Já era um horário do dia que eu pegava o carro, saía de casa, ia pra academia, espairecia minha cabeça e na saída passava no mercado e voltava pra casa, porque eu ia fazê o que com uma criança de dois meses na rua, batê perna? Cê num vai, então era uma atividade, uma obrigação, e isso fez muito bem pra mim, fez muito bem.

( Servidora C, 37 anos)

Então é adaptá e ir voltando aos poucos à vida normal que eu acho isso importante pra mãe, a gente não deixa de sê o que a gente é pra sê mãe, né, sê as quatro coisas ao mesmo tempo, quatro, cinco, dez.

(Servidora C, 37 anos)

[...]eu acho super importante a troca de experiências [...] porque assim, a gente se sente mais confortável em sabê que aquilo que você tá passando a outra pessoa passô também, não que do jeito que ela tá passando vai sê com você, mas às vezes você se identifica e você vê que é normal, que todo mundo vai passá por aquilo e que vai dá certo ou que, ou às vezes você se espelha na experiência daquela pessoa [...].

(Servidora D, 30 anos)

Eu sinto que parece que pra sociedade a gente agora quando volta a trabalhá que a gente tá fazendo alguma coisa, quando a gente é mãe e tá em casa parece que a gente num tá fazendo nada. É o que eu, o que eu sinto assim, não que a gente não faça nada que eu sei muito bem como que é agora, mas eu fiquei muito feliz de tê voltado, não sofri, voltei e várias colegas falam: - ah eu chorei muito no primeiro dia, na primeira semana. Não, não chorei em momento nenhum porque eu tive a possibilidade de deixá uma cuidadora em casa com meu filho, que eu deixei ela um período antes, quinze dias, ela já era uma pessoa que trabalhava na minha casa comigo.

(Servidora D, 30 anos)

Eu acho que as pessoas têm que programá o retorno gradualmente, tanto pra ela, pra mim no caso, pra eu sabê que eu ia voltá, como que seria, pra trabalhá isso na minha cabeça e com o bebê. Então, como eu sei que o meu bebê num teve tanto sofrimento eu num sofro. Eu fico tranquila aqui porque eu sei que ele tá bem cuidado com uma pessoa lá fora. Então, eu acho que isso que o pessoal tem que fazê e não uma coisa brusca. Tem muitas mães que assim: ai eu vô voltá a trabalha, pega deixa a criança sem fazê uma adaptação. Então, eu acho que toda mãe deveria pensar nisso, no retorno, se possível fazê esse período de adaptação com a outra pessoa que fosse deixar, que fosse na escolinha, que as vezes a escolinha não te dá essa possibilidade, mas com cuidador ficou mais fácil de ir deixando aos poucos pro bebê se adaptá e eu me adaptá e ter confiança na pessoa que tá com o bebê, acho que isso conta muito

(Servidora D, 30 anos)